O termo halloween que conhecemos vem do inglês, porém muitos acreditam que sua origem venha dos festivais realizados pelo povo celta e que tal festividade foi ao longo dos tempos se cristianizando pela igreja, que visava trazer para o cristianismo uma festividade de início pagã. Essa festa acontece no dia 31 de outubro e é marcada por crianças que se fantasiam de monstros e saem à procura de doces. Os historiadores acreditam que essa festa tenham surgido de comemorações realizadas pelos celtas em homenagem aos mortos.
Imagem: BBC
Atualmente é uma das festividades mais comemoradas pelo mundo todo e com o Brasil não seria diferente, já que no mundo globalizado em que vivemos tudo aquilo que se consolida lá fora, principalmente nos Estados Unidos, não demora muito para ser adotado pelos brasileiros. Mesmo ainda não competindo no calendário festivo com festas como o carnaval, o halloween, ou Dia das Bruxas, “aportuguesando” o termo, já ocupa um enorme espaço dentre as festas brasileiras e vem crescendo a cada ano.
Se analisarmos o modo como o Halloween é celebrado hoje, veremos que pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha ao princípio. Além disso foi sendo pouco a pouco incorporada toda uma série de elementos estranhos tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos. Ganhou-se um cunho extremamente comercial e vendável, onde hoje, o mais importante é o potencial de se vender esse tema pelo mercado de forma geral.
Assim sendo, há cada ano o movimento se fortalece no Brasil e daí surgem os questionamentos: os brasileiros devem festejar o halloween? O folclore da nossa cultura já não é o suficiente? Pois bem, é aí onde mora o perigo, a força do dia das bruxas é tão grande que está absorvendo a cultura brasileira, puxando pra si histórias que nos foram passadas de gerações em gerações.
É possível afirmar que as novas gerações, acreditam que personagens clássicos do nosso folclore, são figuras originárias do halloween. A disseminação do estilo norte-americano de se comemorar o dia das bruxas vem gerando algumas reações e movimentos que buscam resgatar os elementos folclóricos do Brasil e, teve como resultado uma imposição legal drástica, pois com a promulgação da Lei 2.762, do ano de 2003, ficou determinando que o dia 31 de outubro, então dia que se comemora o Halloween, como o Dia do Saci, principal personagem do folclore brasileiro. Uma ideia louvável, mas que nada influencia se não houver uma retomada de divulgação do nosso folclore, visto que estamos lidando com uma geração extremamente conectada e com um poder de informação absurdo, ou seja, atualmente, cada habitante, de qualquer lugar do mundo, pode ter acesso a cultura, ou qualquer outra informação dos mais variados assuntos mundiais, basta apenas ter uma conexão de internet.
Outra facilidade que faz com o que o halloween traga pra si o nosso folclore é a similaridade das histórias, as lendas, personagens, fantasias e o grande apelo com crianças. É uma data muito celebrada nas escolas de inglês, que trazem atividades voltadas à cultura de países que, tradicionalmente, festejam o Dia das Bruxas. Outra prática comum entre os brasileiros é assistir a filmes de terror. Alguns canais de televisão preparam uma grade de programação especial com esse tipo de filme na semana do Halloween.
Tentar fazer com que esse movimento perca força é inviável, porém o brasileiro pode unir o nosso rico folclore a essa tradição mundial. De que forma? Substituindo as figuras clássicas e monstruosas como – Drácula, Bruxas, Lobisomens – pelas figuras típicas do folclore nacional. O segredo é sempre popularizar ainda mais a Cuca, Saci, Curupira, mula sem cabeça entre muitos outros.
Quem aí não lembra do saudoso sítio do pica-pau amarelo? Ou até mesmo das histórias encantadoras de Maurício de Souza, que sempre ousava brincar com o imaginário infantil através da valorização da nossa cultura e nosso folclore. Porém, não vamos mais essa valorização nos dias de hoje.
Imagem: Plenarinho
A verdade é que o folclore brasileiro foi caindo num ostracismo, veio sendo afastado para um plano inferior ao longo do tempo, apesar de termos mitos e histórias muito bem construídos e que teriam muito espaço no mundo atual. Portanto, deveríamos criticar menos os mitos estrangeiros e aproveitar esse interesse das crianças e jovens por eles para apresentar-lhes os nossos. Com certeza as novas gerações irão adorar.
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