A TV Globo foi condenada a indenizar Suzane von Richthofen por causa de um laudo exibido pelo canal em 2018 que mostrava detalhes de uma avaliação psicológica dela. O documento, que era sigiloso, não poderia ter sido exibido na televisão, de acordo com o entendimento da Justiça.
Agora a Globo foi condenada em segunda instância a pagar R$ 10 mil para Suzane von Richthofen por ter o laudo mostrado no Fantástico.
O laudo dela mostrava que segundo o especialista, Suzane tinha condições de ir do regime fechado para o semiaberto. O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a decisão da primeira instância e ainda cabe recurso, mas se a Globo decidir recorrer, precisará pagar a diferença da inflação desde a data do início do processo até a decisão final.
Documento vazado
Segundo o laudo, a opinião do especialista era de que Suzane von Richthofen não era perigosa e poderia conviver em sociedade, mas ao mesmo tempo dizia que ela tinha personalidade manipuladora e agressividade camuflada


Reprodução
Para Suzane e sua defesa, a exibição do documento em rede nacional causava prejuízos a sua intimidade e extrapolava o interesse público na informação.
A decisão do desembargador Rui Cascaldi é que mesmo que se trata de uma pessoa que faz parte da “história criminal do país”, ela tem direitos individuais e teve sua intimidade invadida.
“Essa espécie de divulgação, resguardada a liberdade que a imprensa deve ter em um país democrático como o Brasil, transborda a mera informação”, disse o desembargador sobre o caso.
Caso Suzane von Richthofen
Em 2002, Suzane von Richthofen, com 18 anos, planejou e executou o assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, com a ajuda de seu namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian Cravinhos. O crime ocorreu na mansão da família, localizada em um bairro nobre de São Paulo.
Inicialmente tratado como um latrocínio, o caso logo se revelou como um homicídio premeditado. Suzane, motivada pela desaprovação do relacionamento com Daniel e pela perspectiva de herdar a fortuna dos pais, arquitetou o crime com requintes de crueldade. Os pais foram mortos a pauladas enquanto dormiam, e a cena do crime foi manipulada para simular um assalto.
As investigações da polícia apontaram para Suzane e os irmãos Cravinhos como os autores do crime. A confissão de Daniel Cravinhos e as evidências encontradas na cena do crime levaram à prisão e condenação dos três envolvidos. Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos de prisão, enquanto Cristian recebeu uma pena de 38 anos.
O caso Suzane von Richthofen chocou o Brasil pela brutalidade e pela motivação financeira. A história de uma jovem que planeja a morte dos próprios pais para ficar com a herança e viver um romance proibido se tornou um dos crimes mais emblemáticos do país.
Após 20 anos, Suzane von Richthofen progrediu para o regime aberto e atualmente cumpre o restante da pena em liberdade.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.