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O que acontece se Papa Francisco morrer ou renunciar?

A morte de um papa marca um momento de profunda significância espiritual e administrativa para a Igreja Católica. O processo que se segue combina tradições milenares, ritos solenes e procedimentos meticulosos, culminando na eleição de um novo líder para mais de um bilhão de fiéis. Este artigo explora as etapas que ocorrem desde o falecimento do pontífice até a ascensão de seu sucessor.

Aos 82 anos de idade e com uma saúde frágil, internado em estado crítico no Vaticano, pesquisas sobre como é escolhido um novo Papa tomam conta da internet. Alinhado a isso está o sucesso do filme Conclave, que trata exatamente sobre a escolha de um novo líder da Igreja Católica.

Reprodução – Vaticano

O que acontece se Papa Francisco morrer?

Quando um papa morre, o primeiro passo é a confirmação oficial de sua morte pelo Camerlengo (Cardeal Camareiro), um dos mais altos cargos administrativos da Santa Sé. Este cardeal é responsável por verificar o óbito, tradicionalmente com um leve toque na cabeça do papa três vezes com um martelo de prata, enquanto pronuncia seu nome de batismo. Após a confirmação, o Camerlengo notifica a Santa Sé e o público, anunciando “Vere Papa mortuus est” (“O verdadeiro papa está morto”).

O corpo do papa é preparado para exposição pública na Basílica de São Pedro, onde fiéis podem prestar suas últimas homenagens. Simultaneamente, o Camerlengo assume o governo temporário da Igreja, supervisionando assuntos cotidianos durante o período conhecido como Sede Vacante (“Sé Vacante”).

Novendiales: Nove Dias de Luto

O luto oficial dura nove dias, chamados de Novendiales, com missas diárias celebradas por cardeais. O funeral do papa é realizado na Praça de São Pedro, presidido pelo Decano do Colégio Cardinalício. O corpo é enterrado nas Grutas Vaticanas, tradicionalmente em um caixão simples de cipreste, seguindo o costume de humildade.

Enquanto isso, os cardeais do mundo todo se reúnem no Vaticano para preparar o conclave, a assembleia responsável pela eleição do novo papa. Cardeais com mais de 80 anos não podem votar, conforme estabelecido pelo Papa Paulo VI em 1970.

Conclave secreto

Reprodução – Vaticano

O conclave começa entre 15 e 20 dias após a morte, dentro da Capela Sistina, sob os afrescos de Michelangelo. Antes da primeira votação, o grito “Extra omnes!” (“Todos para fora!”) expulsa qualquer pessoa não autorizada. Os cardeais ficam isolados, sem celulares ou contato externo, em uma rotina que mistura oração e debates sigilosos.

A cada votação, os papéis são queimados com produtos químicos que geram fumaça preta (sem eleição) ou branca (novo papa escolhido). A tradição surgiu em 1914, mas ganhou cores definidas apenas em 1963.

Como funciona a eleição do novo Papa

Para ser eleito, um candidato precisa de dois terços dos votos. Se após 33 rodadas ninguém atingir a maioria, a regra muda: basta 50% +1. Essa flexibilidade foi adicionada por Bento XVI em 2007, após um conclave que durou apenas dois dias – um contraste com o de 1268, que se arrastou por três anos e terminou com os cardeais trancados em um castelo até decidirem.

Quando um nome é aprovado, o Decano do Colégio Cardinalício pergunta: “Aceitas tua eleição canônica para Sumo Pontífice?”. A resposta positiva marca o início de um novo papado.

Habemus Papam

O novo papa escolhe um nome – como Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis – e veste as vestes brancas. Na varanda da Basílica, o Cardeal Protodiácono anuncia: “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!” (“Anuncio uma grande alegria: Temos um papa!”).

O Anel do Pescador, com a imagem de São Pedro lançando redes, é criado para o pontífice. O antigo é destruído, evitando fraudes – um gesto que remonta ao século XIII.

Fhilipe Pelájjio

Publicitário, jornalista e pós-graduado em marketing, é um dos jornalistas mais lidos de MG. Criou os sites Moon BH, La Notícia, The Política e tem parcerias com Estado de Minas, Portal Uai e Correio Braziliense. Já foi editor do BHAZ e head na Itatiaia.